Perto do meu local de trabalho, costuma estar um individuo perturbado mentalmente e sempre alcoolizado. No outro dia passei por ele e nesse momento, o Sr., com cerca de 50 anos de idade, parado mas a cambalear, de braços para baixo e com os olhos a saltarem das cavidades, vocifera:
-I'm forgotten !!! (com muito ênfase no som dos ós?)
Olhei para ele com algum espanto, pois assustei-me, mas assim que lhe virei costas desatei a rir.
Mais tarde fiquei a pensar, que aquilo foi um grito de socorro (ou então era apenas a única frase em inglês que ele sabia) mas o que é certo é que um homem que vive na rua, de trocos que utiliza para comprar cerveja, está mesmo "forgotten".
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Fazer parte da multidão
Foto in www.bsimple.com/crowd62.JPG
Nos transportes públicos, nós vestimos uma capa de loucura. Transformamo-nos em pessoas soturnas (aqueles de nós que não o costumam ser), de cara fechada. Não olhamos directamente para ninguém, apenas contemplamos o chão.
Pisamo-nos uns aos outros e muitas vezes nem desculpa pedimos, ou a pessoa que é pisada nem as nossas desculpa ouve. Olhamos em frente e seguimos o nosso caminho com toda a pressa de quem não está onde anda, de quem atravessa os corredores das estações como quem não tem consciência dos passos que dá.
No rangue-rangue praticamos comportamentos homogéneos e desligados do mundo real, refugiamo-nos nos ipods e cumprimos rituais obsessivos compulsivos que, quando perturbados, nos criam um certo mau humor.
Mas de repente, algo muda, aparece uma pessoa conhecida e o nosso semblante muda e passamos a ser humanos, rimo-nos, somos espontâneos e deixamos o estado de dormência e acordamos.
Na loucura diária do dia-a-dia somos obrigados a sermos outras pessoas, a ser loucos que deambulam de comboio em metro e de metro em autocarro, para que de algum modo consigamos aguentar fazer parte de uma multidão.
Pisamo-nos uns aos outros e muitas vezes nem desculpa pedimos, ou a pessoa que é pisada nem as nossas desculpa ouve. Olhamos em frente e seguimos o nosso caminho com toda a pressa de quem não está onde anda, de quem atravessa os corredores das estações como quem não tem consciência dos passos que dá.
No rangue-rangue praticamos comportamentos homogéneos e desligados do mundo real, refugiamo-nos nos ipods e cumprimos rituais obsessivos compulsivos que, quando perturbados, nos criam um certo mau humor.
Mas de repente, algo muda, aparece uma pessoa conhecida e o nosso semblante muda e passamos a ser humanos, rimo-nos, somos espontâneos e deixamos o estado de dormência e acordamos.
Na loucura diária do dia-a-dia somos obrigados a sermos outras pessoas, a ser loucos que deambulam de comboio em metro e de metro em autocarro, para que de algum modo consigamos aguentar fazer parte de uma multidão.
Diz-me qual é a tua forma de lidares com este percurso, também és mais um louco a deambular?
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Eu LOUCO!!
E se eu saísse à rua todo nu, a gritar "Sou maluco! Sou maluco! Sou maluco!", seria preso por atentado ao pudor ou seria internado? E no dia a seguir quando eu estivesse refeito daquele episódio, a minha família, amigos e conhecidos ainda me olhariam com os mesmos olhos?
Seria sempre visto como um louco, a partir daquele momento de insanidade?
Uma vez louco, para sempre louco.
Na universidade a minha alcunha era Maluco, porque eu dizia o que pensava, porque eu dizia piadas a qualquer pessoa (incluindo o reitor). Isso não fez de mim um louco, mas deu-me identidade. A partir daquele momento passei a ter uma classificação.
-Então Maluco, tás bom?
-Tudo fixe e contigo Miguel? (respondia eu)
Mas por que raio é que me chamavam de Maluco por eu dizer o que eles não tinham coragem de dizer e por eu ser sincero? Esta é uma pergunta que eu ainda tento responder.
Será que já perdi a loucura? Acho que não, acho que essa loucura fará sempre parte da minha maneira de ser e da minha maneira de cativar as pessoas.
Sei ser sério, mas a seriedade em mim não é espontânea, a loucura é!
Eu como Maluco era alguém diferente dos outros, e quando me apercebi que era diferente acabei por ter uma certa superioridade existencial em relação a eles, aos normais.
Ser normal a mim custa-me muito mais do que ser maluco.
Seria sempre visto como um louco, a partir daquele momento de insanidade?
Uma vez louco, para sempre louco.
Na universidade a minha alcunha era Maluco, porque eu dizia o que pensava, porque eu dizia piadas a qualquer pessoa (incluindo o reitor). Isso não fez de mim um louco, mas deu-me identidade. A partir daquele momento passei a ter uma classificação.
-Então Maluco, tás bom?
-Tudo fixe e contigo Miguel? (respondia eu)
Mas por que raio é que me chamavam de Maluco por eu dizer o que eles não tinham coragem de dizer e por eu ser sincero? Esta é uma pergunta que eu ainda tento responder.
Será que já perdi a loucura? Acho que não, acho que essa loucura fará sempre parte da minha maneira de ser e da minha maneira de cativar as pessoas.
Sei ser sério, mas a seriedade em mim não é espontânea, a loucura é!
Eu como Maluco era alguém diferente dos outros, e quando me apercebi que era diferente acabei por ter uma certa superioridade existencial em relação a eles, aos normais.
Ser normal a mim custa-me muito mais do que ser maluco.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Se não os consegues vencer...
Hoje lembrei-me que o Louco sou eu. Louco por não ser sincero com os Loucos e dizer-lhes que o que eles achavam, o que pensavam, os seus argumentos, as suas atitudes e a sua maneira de ser, só podiam ser produto de uma mente insana.
Como seria eu se tivesse dito a um certo louco:
-"Não! A Câmara Municipal de Lisboa de certeza que não lhe disse que os pombos que vivem entre o tecto falso e o telhado desta sala, não podem ser exterminados por estarem no seu habitat natural. Isso é uma completa estupidez."
-Ou que uma pessoa não queima os olhos azuis nos monitores de controlo de aviões da força aérea e fica com eles castanhos.
-Ou então imaginem que eu lhe tinha dito que ele de certeza que não era o defesa lateral da Académica que centrou a bola para o golo na final da única taça de Portugal que a Académica ganhou.
-Ou se eu lhe tivesse dito que ser Sir. Dr. e Prof. não significa nada porque ele não passava de um louco.
Bom, eu se lhe tivesse dito isto não tinha feito muita coisa, se calhar ainda bem que tenho laivos de loucura dentro de mim.
Como seria eu se tivesse dito a um certo louco:
-"Não! A Câmara Municipal de Lisboa de certeza que não lhe disse que os pombos que vivem entre o tecto falso e o telhado desta sala, não podem ser exterminados por estarem no seu habitat natural. Isso é uma completa estupidez."
-Ou que uma pessoa não queima os olhos azuis nos monitores de controlo de aviões da força aérea e fica com eles castanhos.
-Ou então imaginem que eu lhe tinha dito que ele de certeza que não era o defesa lateral da Académica que centrou a bola para o golo na final da única taça de Portugal que a Académica ganhou.
-Ou se eu lhe tivesse dito que ser Sir. Dr. e Prof. não significa nada porque ele não passava de um louco.
Bom, eu se lhe tivesse dito isto não tinha feito muita coisa, se calhar ainda bem que tenho laivos de loucura dentro de mim.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
É tudo uma cambada de...!!!
Há um tipo de loucos que é o mais comum que existe por Lisboa, são as pessoas que acham que toda a gente no mundo lhe deve dinheiro. É o tipo de pessoas que nos afirma que fulano, beltrano e sicrano estão cheios de dinheiro à pala de um esquema qualquer. Outra das práticas irritantes deste tipo de pessoas é a forma veemente como afirma o que diz.
Estes loucos têm a capacidade de rotular de ladrão (e outros sinónimos) qualquer pessoa, seja figura pública ou o vizinho do lado.
Imaginemos que um político aparece numa peça de um qualquer telejornal este louco afirmará, com todas as forças que tem no seu âmago, que "este é um dos maiores ladrões que há em Portugal", mas se logo a seguir aparecer outro político a afirmação poderá ser:
-Este gajo até a própria avó é capaz de roubar, mamão dum raio. vive do tacho lá do partido e não faz nada na vida...
Imaginemos uma entrevista num psiquiatra, onde um Louco destes teria que responder a primeira coisa que lhe viesse à mente face a uma palavra:
1-Portugal!
-Terra de chorões e mamões. Este país não interessa a ninguém
2-Marcedes!
-Marca de carros de putas e mamões. É para o rico conduzir e o zé povinho pagar.
3-Benfica!
-Só mamões e medíocres. Vaidosos dum raio, muito fraquinhos mas com a mania que são bons.
4-Sporting!
-Equipa de betinhos e mamões. É o clube dos ricos mas que não dão um tostão para a equipa de futebol.
5-F.C.Porto
-Ladrões e corruptos. todos os anos vendem montes de jogadores e não entra dinheiro nenhum nos cofres do clube, é só mamões.
Não sei se já repararam aqui no padrão, mas para este tipo de Loucos, toda a gente rouba e vive de explorar os outros e particularmente a ele, seja pobre ou rico. O pobre vive do subsídio do Estado que ele paga com os seus impostos, e o rico vive do dinheiro que não lhe paga de salário, por ele achar que ganha muito pouco.
Estes loucos têm a capacidade de rotular de ladrão (e outros sinónimos) qualquer pessoa, seja figura pública ou o vizinho do lado.
Imaginemos que um político aparece numa peça de um qualquer telejornal este louco afirmará, com todas as forças que tem no seu âmago, que "este é um dos maiores ladrões que há em Portugal", mas se logo a seguir aparecer outro político a afirmação poderá ser:
-Este gajo até a própria avó é capaz de roubar, mamão dum raio. vive do tacho lá do partido e não faz nada na vida...
Imaginemos uma entrevista num psiquiatra, onde um Louco destes teria que responder a primeira coisa que lhe viesse à mente face a uma palavra:
1-Portugal!
-Terra de chorões e mamões. Este país não interessa a ninguém
2-Marcedes!
-Marca de carros de putas e mamões. É para o rico conduzir e o zé povinho pagar.
3-Benfica!
-Só mamões e medíocres. Vaidosos dum raio, muito fraquinhos mas com a mania que são bons.
4-Sporting!
-Equipa de betinhos e mamões. É o clube dos ricos mas que não dão um tostão para a equipa de futebol.
5-F.C.Porto
-Ladrões e corruptos. todos os anos vendem montes de jogadores e não entra dinheiro nenhum nos cofres do clube, é só mamões.
Não sei se já repararam aqui no padrão, mas para este tipo de Loucos, toda a gente rouba e vive de explorar os outros e particularmente a ele, seja pobre ou rico. O pobre vive do subsídio do Estado que ele paga com os seus impostos, e o rico vive do dinheiro que não lhe paga de salário, por ele achar que ganha muito pouco.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Os An(no)jos
Este sábado fui a um evento de lançamento de um LCD da LG, com a presença da nossa plebe VIP (os loucos que sobrevivem em busca do aparecimento na imprensa) e reparei em algo que toda a gente deve de ver mas ninguém diz nada:
Eles não se gramam uns aos outros nem por nada deste mundo, aliás cruzam-se e olham-se com muito desprezo até que lá aparecem as flashadas e aí, nesse momento, são amigos para a vida inteira.
Nessa noite fui testemunha de um caso de loucura, que confesso nunca esperei vir da parte de quem o cometeu. Os tipos que formam o grupo Anjos, chegaram após umas modelos e enquanto os fotógrafos terminavam de captar as poses destas meninas (que convém frisar chegaram antes dos músicos), já estavam os Anjinhos a pousar para a foto muito impacientemente, até que têm um rasgo de indignação e saem do placard onde todos pousavam, muito sentidos com tamanha humilhação.
-Tivemos quase um minuto ali e ninguém nos tirou uma foto, agora já não tiramos.
Lá subiram as escadas da discoteca Kapital indignadíssimos. Mas que vidinha triste é esta destas pessoas que até ficam cansados e aborrecidos só de aparecerem? Olhei para os meus colegas jornalistas cujo trabalho é acompanhar este pessoal, e pensei no quão ingrato é este Jornalismo cor-de-rosa, não estou a criticar os meus colegas mas sim quem os coloca nesta posição.
Confesso que quando saí dali tinha vontade de desancar no papel, os meninos mimados auto-proclamados de Anjos, que tiveram uma falta de respeito pelos profissionais da imprensa que lá estavam, pois estes gajos chegaram uma hora depois do marcado (só a Joana Cruz chegou a horas) e ainda ficaram chateados por terem esperado 1 minuto para tirar uma foto.
Este para mim seria o "Quê" desta notícia e não o lançamento de um novo LCD com a presença de VIPs, mas ninguém nos deixa escrever isso porque se o escrevermos somos boicotados e censurados, para além de nos arriscarmos a nunca mais podermos ser acreditados para eventos semelhantes que não servem de nada, mas que dão uns bonecos muitos giros para o leitor (cliente que compra revistas) coleccionar.
Eles não se gramam uns aos outros nem por nada deste mundo, aliás cruzam-se e olham-se com muito desprezo até que lá aparecem as flashadas e aí, nesse momento, são amigos para a vida inteira.
Nessa noite fui testemunha de um caso de loucura, que confesso nunca esperei vir da parte de quem o cometeu. Os tipos que formam o grupo Anjos, chegaram após umas modelos e enquanto os fotógrafos terminavam de captar as poses destas meninas (que convém frisar chegaram antes dos músicos), já estavam os Anjinhos a pousar para a foto muito impacientemente, até que têm um rasgo de indignação e saem do placard onde todos pousavam, muito sentidos com tamanha humilhação.
-Tivemos quase um minuto ali e ninguém nos tirou uma foto, agora já não tiramos.
Lá subiram as escadas da discoteca Kapital indignadíssimos. Mas que vidinha triste é esta destas pessoas que até ficam cansados e aborrecidos só de aparecerem? Olhei para os meus colegas jornalistas cujo trabalho é acompanhar este pessoal, e pensei no quão ingrato é este Jornalismo cor-de-rosa, não estou a criticar os meus colegas mas sim quem os coloca nesta posição.
Confesso que quando saí dali tinha vontade de desancar no papel, os meninos mimados auto-proclamados de Anjos, que tiveram uma falta de respeito pelos profissionais da imprensa que lá estavam, pois estes gajos chegaram uma hora depois do marcado (só a Joana Cruz chegou a horas) e ainda ficaram chateados por terem esperado 1 minuto para tirar uma foto.
Este para mim seria o "Quê" desta notícia e não o lançamento de um novo LCD com a presença de VIPs, mas ninguém nos deixa escrever isso porque se o escrevermos somos boicotados e censurados, para além de nos arriscarmos a nunca mais podermos ser acreditados para eventos semelhantes que não servem de nada, mas que dão uns bonecos muitos giros para o leitor (cliente que compra revistas) coleccionar.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Jean Claude Van Damme i'm good
Durante o tempo que vivi em Angola tive alguns encontros com os loucos mais loucos que alguma vez conheci. Esta é a história mais engraçada de que me lembro:
Estava eu e uns amigos no Mussulo a conversar, enquanto apanhávamos uns banhos de sol, quando vem um pescador ter connosco. Este personagem estava completamente grogue (fosse da bebida fosse da liamba) e, como mandam as regras da boa educação, berrou:
-Bom dia!! (ninguém respondeu, pois estávamos todos a conversar e muita gente nem ouviu)
-Bom dia pulas!! (pulas significa branco e, digamos, que não é um termo de boa educação, era como se eu dissesse "-Bom dia pretos")
Mas eu e outro amigo lá respondemos:
-Bom dia!!
Ele olha para mim e começa:
-Xé!!! Não estão na praia a pescar, é só ir buscar uma linha e meter na água em vez de estarem aqui sem fazer nada!!
Eu digo:
- Não pá!! Estamos aqui a descansar só.
O pescador:
-Vocês devem de ser espanhóis. E não disseram logo bom dia porquê? Eu sou angolano e Angola é nossa!! (disse ele já um pouco exaltado)
O meu amigo Tó Zé tentou acalmá-lo:
-Nós nem ouvimos, não percebes isso?
Eu:
-Vá não te chateies não te ouvimos pá!
O pescador:
-Vêm para aqui estrangeiros... Mas os piores são os chineses, esses fazem uma obra e nem temos de lhes pagar, só comida e bebida!
Às tantas porque ele nunca mais se calava, o pessoal começa-se a ir embora e ele vem a trás de nós a chatear, mas ninguém lhe ligava, até que eu me aproximo dele e ele começa:
-Xé!! Tu és gajo muito calmo, tinhas jeito para actor de hollywood... Fazes-me lembrar o governador da Califórnia, o Van Damme.
Quando ele disse isto, eu contive o meu riso e o Tó Zé também, mas ele lá continuou.
-Verdade!! Tu és muito boa pessoa, tu és quase Jesus Cristo... dá lá aí uma cerveja!
Estava eu e uns amigos no Mussulo a conversar, enquanto apanhávamos uns banhos de sol, quando vem um pescador ter connosco. Este personagem estava completamente grogue (fosse da bebida fosse da liamba) e, como mandam as regras da boa educação, berrou:
-Bom dia!! (ninguém respondeu, pois estávamos todos a conversar e muita gente nem ouviu)
-Bom dia pulas!! (pulas significa branco e, digamos, que não é um termo de boa educação, era como se eu dissesse "-Bom dia pretos")
Mas eu e outro amigo lá respondemos:
-Bom dia!!
Ele olha para mim e começa:
-Xé!!! Não estão na praia a pescar, é só ir buscar uma linha e meter na água em vez de estarem aqui sem fazer nada!!
Eu digo:
- Não pá!! Estamos aqui a descansar só.
O pescador:
-Vocês devem de ser espanhóis. E não disseram logo bom dia porquê? Eu sou angolano e Angola é nossa!! (disse ele já um pouco exaltado)
O meu amigo Tó Zé tentou acalmá-lo:
-Nós nem ouvimos, não percebes isso?
Eu:
-Vá não te chateies não te ouvimos pá!
O pescador:
-Vêm para aqui estrangeiros... Mas os piores são os chineses, esses fazem uma obra e nem temos de lhes pagar, só comida e bebida!
Às tantas porque ele nunca mais se calava, o pessoal começa-se a ir embora e ele vem a trás de nós a chatear, mas ninguém lhe ligava, até que eu me aproximo dele e ele começa:
-Xé!! Tu és gajo muito calmo, tinhas jeito para actor de hollywood... Fazes-me lembrar o governador da Califórnia, o Van Damme.
Quando ele disse isto, eu contive o meu riso e o Tó Zé também, mas ele lá continuou.
-Verdade!! Tu és muito boa pessoa, tu és quase Jesus Cristo... dá lá aí uma cerveja!
domingo, 19 de abril de 2009
"Avô Chico" pela pátria
Em honra ao meu avô Chico, que sofre de esquizofrenia desde que regressou da guerra ultramarina na Guiné, eu e muitos amigos meus temos um adjectivo que se aplica em situações de obsessão por parte de qualquer pessoa:
-Tu és o avô Chico dos livros!
-Tem lá calma e não sejas avô Chico!
Muitas pessoas podem ver neste termo um tom trocista, mas eu vejo-o como uma homenagem. Mais tarde os filhos dos meus filhos, ou mesmo os meus filhos, me irão perguntar o porquê deste termo e eu terei de explicar que ao meu avô Chico foi-lhe retirado o juízo na guerra, voltou uma pessoa diferente com a sanidade mental perturbada.
Nove anos depois do meu avô ter voltado da Guiné o grau de esquizofrenia aumentou, passou a fulminar com o olhar as pessoas objecto da sua injustificável raiva, passou a descobrir traições e indivíduos a trás das portas de casa, e passou a fazer do ambiente da sua família um verdadeiro inferno. As suas loucuras mais agressivas duraram muitos anos até que os médicos acertassem na dose de medicamentos que lhe pudesse condicionar a doença.
Agora não é mais do que uma muito boa pessoa, que outrora fora um bom pedreiro, mas com um juízo completamente afectado.
O meu avô Chico é o caso mais próximo que tenho de um louco heróico. Não digo que ter participado numa guerra sem sentido que tenha sido um acto heróico, mas o facto de ter perdido o seu espírito por uma obrigação do Estado faz dele um herói.
-Tu és o avô Chico dos livros!
-Tem lá calma e não sejas avô Chico!
Muitas pessoas podem ver neste termo um tom trocista, mas eu vejo-o como uma homenagem. Mais tarde os filhos dos meus filhos, ou mesmo os meus filhos, me irão perguntar o porquê deste termo e eu terei de explicar que ao meu avô Chico foi-lhe retirado o juízo na guerra, voltou uma pessoa diferente com a sanidade mental perturbada.
Nove anos depois do meu avô ter voltado da Guiné o grau de esquizofrenia aumentou, passou a fulminar com o olhar as pessoas objecto da sua injustificável raiva, passou a descobrir traições e indivíduos a trás das portas de casa, e passou a fazer do ambiente da sua família um verdadeiro inferno. As suas loucuras mais agressivas duraram muitos anos até que os médicos acertassem na dose de medicamentos que lhe pudesse condicionar a doença.
Agora não é mais do que uma muito boa pessoa, que outrora fora um bom pedreiro, mas com um juízo completamente afectado.
O meu avô Chico é o caso mais próximo que tenho de um louco heróico. Não digo que ter participado numa guerra sem sentido que tenha sido um acto heróico, mas o facto de ter perdido o seu espírito por uma obrigação do Estado faz dele um herói.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Perito em coisa nenhuma
Detesto pessoas que se acham especializadas em tudo, desde dança, a música, a política ou futebol. Acham que podem criticar tudo como se fossem os donos da verdade, porque se de facto podem opinar é importante saberem os seus limites.
Estão a ver aquelas pessoas que numa simples aparição de um músico famoso qualquer, num supermercado, o abordam para lhe dar conselhos sobre a sua música ou estilo? É mesmo esse tipo de pessoas de que falo.
A sua loucura demonstra-se em meras observações de quem os acompanha, seja amigo ou apenas conhecido, e a sua insanidade é despoletada por apenas uma frase.
Exemplo fictício: -Adoro o CD do Jason Mraz.
Reparem que a frase não foi "-Gostas do Novo CD do Jasos Mraz?", mas o louco que acha que entende de tudo iniciará uma longa dissertação crítica sobre o estilo surfista e despreocupado do artista em questão, e de que "-Realmente ele está a copiar algo que se fez no passado." (hello!!! a música já foi toda inventada, portanto não estás a dar novidade nenhuma) e de certeza que terminará a sua monstruosa argumentação com ele próprio, dizendo que "-O Jason Mraz é um músico medíocre e que em vez de Ukeléle devia de tocar guitarra".
Entre os loucos que conheci (e que conheço) tenho vários exemplos, desde uma pessoa que fez uma demonstração de fado porque achava que tinha uma grande voz (apenas porque alguém lhe disse que tinha cantado nas tunas), até uma pessoa que acha que só porque tirou um curso de dança (não falamos aqui de licenciatura, falamos de um curso privado sem habilitações reais) acha que está habilitada a ser dançarina, até um rapaz que iniciava qualquer argumentação com a frase "não, eu acho que não é bem assim" por muito que lhe tenhas dado argumentos históricos, matemáticos ou outros quaisquer que apresentassem factos exactos.
Não, meus amigos!! A estes loucos é impossível de contrariar, é impossível de os desmentir, é impossível de contra-argumentar, a razão está sempre do lado dos especialistas de coisa nenhuma, dos peritos de obras feitas. Esta loucura anda de mãos dadas com a mentira compulsiva, mais tarde explicarei porquê...
Estão a ver aquelas pessoas que numa simples aparição de um músico famoso qualquer, num supermercado, o abordam para lhe dar conselhos sobre a sua música ou estilo? É mesmo esse tipo de pessoas de que falo.
A sua loucura demonstra-se em meras observações de quem os acompanha, seja amigo ou apenas conhecido, e a sua insanidade é despoletada por apenas uma frase.
Exemplo fictício: -Adoro o CD do Jason Mraz.
Reparem que a frase não foi "-Gostas do Novo CD do Jasos Mraz?", mas o louco que acha que entende de tudo iniciará uma longa dissertação crítica sobre o estilo surfista e despreocupado do artista em questão, e de que "-Realmente ele está a copiar algo que se fez no passado." (hello!!! a música já foi toda inventada, portanto não estás a dar novidade nenhuma) e de certeza que terminará a sua monstruosa argumentação com ele próprio, dizendo que "-O Jason Mraz é um músico medíocre e que em vez de Ukeléle devia de tocar guitarra".
Entre os loucos que conheci (e que conheço) tenho vários exemplos, desde uma pessoa que fez uma demonstração de fado porque achava que tinha uma grande voz (apenas porque alguém lhe disse que tinha cantado nas tunas), até uma pessoa que acha que só porque tirou um curso de dança (não falamos aqui de licenciatura, falamos de um curso privado sem habilitações reais) acha que está habilitada a ser dançarina, até um rapaz que iniciava qualquer argumentação com a frase "não, eu acho que não é bem assim" por muito que lhe tenhas dado argumentos históricos, matemáticos ou outros quaisquer que apresentassem factos exactos.
Não, meus amigos!! A estes loucos é impossível de contrariar, é impossível de os desmentir, é impossível de contra-argumentar, a razão está sempre do lado dos especialistas de coisa nenhuma, dos peritos de obras feitas. Esta loucura anda de mãos dadas com a mentira compulsiva, mais tarde explicarei porquê...
quinta-feira, 9 de abril de 2009
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Porque será que as pessoas têm a tendência de se empurrarem umas às outras quando entram nos transportes públicos? Eu sei que a pressa é muita e o tempo é pouco, mas o inconsciente empurrão é um sintoma de animal racional encurralado em fuga.
É frequente vermos este tipo de atitudes no dia-a-dia desta cidade, seja no trânsito,s ejas nos transportes, seja no café. Parece que as pessoas deixam de pensar e levam-se por um sentido qualuqer
terça-feira, 31 de março de 2009
Loucos verdadeiros vs loucos que conheci
Em Lisboa os loucos são aos milhões, mas os patologicamente loucos são, apenas, cerca de milhares.
Estes que sofrem de loucura, em vez dos que a praticam, encontram-se sobretudo nas instituições psiquiátricas, mas há um tratamento nestes locais (que nunca vi noutro país da Europa) onde é permitida a deambulação de esquizofrénicos, dementes e outros que tais, pelas ruas, mediante um mero controlo de horário. É como se dessem ordem de soltura a um animal de estimação, mas que depois o obrigassem a estar em casa a partir de uma certa hora.
Claro que nesta prática tão terapêutica (ou não, dada a má aceitação dos normais (os outros loucos) que chegam a insultar e agredir estes pacientes) há sempre um ou mais doentes que se escapam pelas ruas da capital.
No outro dia fui abordado por um, enquanto eu me equipava junto à minha moto:
-Desculpe! Estou a incomodar? (Perguntou-me educadamente um homem com cerca de 40 anos, cabelo branco encaracolado, cortado à tigela.)
-Não me está a incomodar, não senhor. Diga? (Respondi eu, enquanto metia o capacete.)
-O Senhor é você próprio ou tem outra identidade?
Ainda pensei em aproveitar a deixa e ter ali uma conversa filosófica onde falava do ser e do ambiente que o rodeia e o influencia, e onde nós somos meras identidades particulares que em conjunto são colectivas. Mas como fiquei com a certeza que não ganharia o argumento pois ele tinha pinta de ser barra em discussões (não era a primeira vez que o via a discutir com ele próprio em voz alta) fiquei pela afirmação simples:
-Sim, sou eu próprio!
-Obrigado! (E lá seguiu o seu caminho, rumo aos restauradores)
Deu-me para sorrir e pensar em quais seriam as razões que levaram este homem, não muito jovem mas nada velho, àquele estado de insanidade. Este pelo menos tem desculpa os outros é que não, mas como ele há muitos:
Uma vez junto ao Terreiro do Paço, durante o que eu deduzi tratar-se de uma gravação de um filme, um louco doente remata:
-Shiuuuuuuuuuuu!!!! (afirmou ele de forma veemente, ao ponto de deixar algumas pessoas constrangidas)
Logo a seguir, vociferou ele próprio:
-Eu não me calo!
É assim o mundo dos loucos doentes em Lisboa, pelas terrinhas do interior este tipo de pessoas até tem direito a profissão mas aqui, nesta grande cidade, são simplesmente esquecidos. Esta "gente de olhar ausente, tão tristes vão que nem são" são a face que envergonha os loucos que conheci, pois na esfera deste mundo de gente louca sem sofrer de patologia nenhuma, os loucos que realmente são doentes, são maltratados e entregues a si próprios mesmo quando estão em regime de internato em instituições psiquiátricas como o Júlio de Matos. Se não acreditam passem pela Av. do Brasil entre as 8h e as 9h da amanhã, horas a que saem para o seu passeio pela cidade, depois regressam às 12h ou 13h para o almoço para depois voltarem a sair até às 17h 18h.
Estes que sofrem de loucura, em vez dos que a praticam, encontram-se sobretudo nas instituições psiquiátricas, mas há um tratamento nestes locais (que nunca vi noutro país da Europa) onde é permitida a deambulação de esquizofrénicos, dementes e outros que tais, pelas ruas, mediante um mero controlo de horário. É como se dessem ordem de soltura a um animal de estimação, mas que depois o obrigassem a estar em casa a partir de uma certa hora.
Claro que nesta prática tão terapêutica (ou não, dada a má aceitação dos normais (os outros loucos) que chegam a insultar e agredir estes pacientes) há sempre um ou mais doentes que se escapam pelas ruas da capital.
No outro dia fui abordado por um, enquanto eu me equipava junto à minha moto:
-Desculpe! Estou a incomodar? (Perguntou-me educadamente um homem com cerca de 40 anos, cabelo branco encaracolado, cortado à tigela.)
-Não me está a incomodar, não senhor. Diga? (Respondi eu, enquanto metia o capacete.)
-O Senhor é você próprio ou tem outra identidade?
Ainda pensei em aproveitar a deixa e ter ali uma conversa filosófica onde falava do ser e do ambiente que o rodeia e o influencia, e onde nós somos meras identidades particulares que em conjunto são colectivas. Mas como fiquei com a certeza que não ganharia o argumento pois ele tinha pinta de ser barra em discussões (não era a primeira vez que o via a discutir com ele próprio em voz alta) fiquei pela afirmação simples:
-Sim, sou eu próprio!
-Obrigado! (E lá seguiu o seu caminho, rumo aos restauradores)
Deu-me para sorrir e pensar em quais seriam as razões que levaram este homem, não muito jovem mas nada velho, àquele estado de insanidade. Este pelo menos tem desculpa os outros é que não, mas como ele há muitos:
Uma vez junto ao Terreiro do Paço, durante o que eu deduzi tratar-se de uma gravação de um filme, um louco doente remata:
-Shiuuuuuuuuuuu!!!! (afirmou ele de forma veemente, ao ponto de deixar algumas pessoas constrangidas)
Logo a seguir, vociferou ele próprio:
-Eu não me calo!
É assim o mundo dos loucos doentes em Lisboa, pelas terrinhas do interior este tipo de pessoas até tem direito a profissão mas aqui, nesta grande cidade, são simplesmente esquecidos. Esta "gente de olhar ausente, tão tristes vão que nem são" são a face que envergonha os loucos que conheci, pois na esfera deste mundo de gente louca sem sofrer de patologia nenhuma, os loucos que realmente são doentes, são maltratados e entregues a si próprios mesmo quando estão em regime de internato em instituições psiquiátricas como o Júlio de Matos. Se não acreditam passem pela Av. do Brasil entre as 8h e as 9h da amanhã, horas a que saem para o seu passeio pela cidade, depois regressam às 12h ou 13h para o almoço para depois voltarem a sair até às 17h 18h.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Olharexia
Já ouviram falar em anorexia ao contrário? Não sei se já há nome para isso mas existe muita gente com esse problema. Vamos-lhe chamar de olharexia, ok?
A olharexia é a capacidade de nos olharmos ao espelho e em vez de vermos um porco ou porca com banha e gordura a sair por tudo o que é poro, vemos um corpo esbelto e esculturado, que "sim! não é perfeito apenas porque não andamos no ginásio".
Há um casal meu conhecido que sofre desse problema e o pior é que ambos padecem da mesma patologia.
Ela tem dimensões exageradamente enormes, isto quer dizer que ela é gorda que mete dó. Ele olha para ela como se ela fosse uma Renée Zellwegger no segundo Bridget Jones, "bem constituída e sexy". Aliás ele chega mesmo a mostrar uma foto da altura do secundário dela, para mostrar aos conhecidos o quanto a sua namorada é jeitosa
No fundo eles irritam, metem mesmo raiva porque se eu sou alguém que costuma ter cuidado com a sensibilidade dos outros, também sou alguém que detesta hipocrisia e eles são no mínimo dois estúpidos hipócritas.
Eles são o tipo de casal que goza com mulheres mais cheiinhas, que goza com quem faz desporto, que goza com quem se rege pelos padrões de beleza actuais, simplesmente porque ela e ele consideram que ela é uma mulher "bem boa" quando na verdade não é (antes pelo contrário).
Escusado será dizer que o rapaz tinha a alcunha de "Chapas" a qual lhe foi dada, segundo ele, por ele ser bruto como um chaparro a jogar à bola. Algo em que eu não acreditei muito, devido à análise que fiz da personalidade dele, chegando à conclusão de que ele só poderia ter uma chapa no cérebro. Esse facto justificava a alcunha de "Chapas" e algumas atitudes da personagem.
A olharexia é a capacidade de nos olharmos ao espelho e em vez de vermos um porco ou porca com banha e gordura a sair por tudo o que é poro, vemos um corpo esbelto e esculturado, que "sim! não é perfeito apenas porque não andamos no ginásio".
Há um casal meu conhecido que sofre desse problema e o pior é que ambos padecem da mesma patologia.
Ela tem dimensões exageradamente enormes, isto quer dizer que ela é gorda que mete dó. Ele olha para ela como se ela fosse uma Renée Zellwegger no segundo Bridget Jones, "bem constituída e sexy". Aliás ele chega mesmo a mostrar uma foto da altura do secundário dela, para mostrar aos conhecidos o quanto a sua namorada é jeitosa
No fundo eles irritam, metem mesmo raiva porque se eu sou alguém que costuma ter cuidado com a sensibilidade dos outros, também sou alguém que detesta hipocrisia e eles são no mínimo dois estúpidos hipócritas.
Eles são o tipo de casal que goza com mulheres mais cheiinhas, que goza com quem faz desporto, que goza com quem se rege pelos padrões de beleza actuais, simplesmente porque ela e ele consideram que ela é uma mulher "bem boa" quando na verdade não é (antes pelo contrário).
Escusado será dizer que o rapaz tinha a alcunha de "Chapas" a qual lhe foi dada, segundo ele, por ele ser bruto como um chaparro a jogar à bola. Algo em que eu não acreditei muito, devido à análise que fiz da personalidade dele, chegando à conclusão de que ele só poderia ter uma chapa no cérebro. Esse facto justificava a alcunha de "Chapas" e algumas atitudes da personagem.
Fiz mesmo questão de provar a minha teoria ao colocar uma placa de íman (daquelas que se utilizam nas bombas de gasolina a dizer que está fora de serviço) junto à cabeça dele. Eu esperava que a placa magnetizasse na zona do seu lóbulo frontal mas não, e assim provei que de facto ele era apenas parvo.
Resumindo, claro que gordos ou magros, esculturais ou flácidos o que interessa é estarmos contentes com nós próprios, mas por favor ser pretensioso é que não, já que este é um dos defeitos mais frequentes nos "loucos que conheci".
terça-feira, 3 de março de 2009
Gente de balcão
-Desculpe pode-me dizer a linha do comboio para Vila Franca de Xira?
-Isso é no balcão ao lado, aqui é só Fertagus!! (rosnou o senhor do balcão)
-Mas você anda de olhos tapados? Vem para aqui todos os dias e mesmo assim não conhece isto, ou os comboios mudam de linha de dia para dia? (inquiri)
-É o da linha 1! (retorquiu o animal)
-É o da linha 1! (retorquiu o animal)
E lá segui o meu caminho com muito boa impressão destes profissionais.
Imaginem que eu era estrangeiro:
-Excuse me do you speak english?
-Não isso é na Inglaterra!!
Imaginem que eu era deficiente:
-Pourr fahoor, poohia-mi ajhudlhar?
-Não isso é na CERCI!!
Imaginem que eu era cego:
-Por favor pode-me ajudar a dar com a linha do comboio de Vila Franca?
-Isso é na CP, ou você não vê a tabuleta que diz Fertagus!!
Uma resposta simpática, mesmo que ignorante é sempre melhor do que uma barbaridade arrogante e mal-criada. Pensem nisso malta do balcão.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Como reconhecer um louco
Os loucos que por aí vagueiam, cujo objectivo é fazerem-se notar (mas sem a consciência de que o fazem) podem ser definidos por vários parâmetros.
1º- Um louco (se for rico ou novo-rico) acha sempre que tem grandes conhecidos no mundo dos famosos. Há sempre uma história que conta em que um famoso qualquer foi ajudado por ele a resolver qualquer coisa.
Exemplo: "Eu sou amigo do vizinho do "político x". Um dia ele não conseguia sair da garagem e eu fui lá tirar o meu carro que estava a bloquear a passagem. Se não fosse eu, ele ainda lá estava e nem tinha sido eleito". (Ok, utilizei aqui um certo exagero, mas dá para entender)
1.a- Se for um louco de classe baixa, terá sempre um familiar que andou/namorou/curtiu ou qualquer coisa sexual com uma beldade da TV (seja homem ou mulher).
Exemplo:"Tenho uma prima que andou com o "actor da telenovela x", eles eram para se casar mas ela disse que estava farta da fama".
Ressalva: Reparem que em cada um dos casos este tipo de loucura nota-se através da sobrevalorização da sua própria presença ou da presença de conhecidos na vida dos famosos. É o que chamo de "aparecismo" ou "querer aparecer".
Continua...
1º- Um louco (se for rico ou novo-rico) acha sempre que tem grandes conhecidos no mundo dos famosos. Há sempre uma história que conta em que um famoso qualquer foi ajudado por ele a resolver qualquer coisa.
Exemplo: "Eu sou amigo do vizinho do "político x". Um dia ele não conseguia sair da garagem e eu fui lá tirar o meu carro que estava a bloquear a passagem. Se não fosse eu, ele ainda lá estava e nem tinha sido eleito". (Ok, utilizei aqui um certo exagero, mas dá para entender)
1.a- Se for um louco de classe baixa, terá sempre um familiar que andou/namorou/curtiu ou qualquer coisa sexual com uma beldade da TV (seja homem ou mulher).
Exemplo:"Tenho uma prima que andou com o "actor da telenovela x", eles eram para se casar mas ela disse que estava farta da fama".
Ressalva: Reparem que em cada um dos casos este tipo de loucura nota-se através da sobrevalorização da sua própria presença ou da presença de conhecidos na vida dos famosos. É o que chamo de "aparecismo" ou "querer aparecer".
Continua...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Carneiros injectados
Num jogo de futebol, os loucos proliferam como buracos numa estrada secundárias. Sejam as claques, sejam os frustrados que falam sozinhos como se alguém lhes prestasse atenção, há loucos para todos os gostos.
Num Benfica vs Belenenses, que fui ver com um amigo, fomos abordados por uma personagem simplesmente genial de tão louco que era. Estádio vazio, ocupamos dois lugares diferentes dos que vinham no nosso bilhete. Nem 10 minutos estivemos sentados quando se aproxima um senhor de boina castanha, samarra e óculos fundo de garrafa de Coca-Cola.
Olha para o bilhete, com o nariz bem perto das letras, olha para nós, olha para o bilhete:
-Boa noite. (sotaqueou ele em beirão)
-Boa noite. (dissemos nós)
-Exe lughár é meuh.
Levanto-me para mudar de lugar e a personagem senta-se mesmo ao lado de nós. A bancada onde estávamos encontrava-se vazia, logo aí olhei para o meu amigo e rimo-nos sozinhos, iamo-nos levantar quando o senhor agarra o meu amigo pela mão e começa a vociferar:
-Istu... Istu é culpa do Pinto da Costa! Em 1972 no Benfica-Salgueiros (babava-se ele) foi assim e depois fomos à Covilhã e depois foi o que foi. A culpa disto é dos carneiros injectados (cuspiu ele).
A culpa de quê?? Pensei eu, é que o jogo ainda nem tinha começado. Olhei para o meu amigo e ele tinha o casaco cheio de medalhas de saliva que sairam da boca do senhor. Entretanto ele continua:
-Boxês num sábem, mas istu é axim. O Benfica em Espinho e depois no jogo do Porto em Guimarães, tão a ver??
O jogo começa e o senhor cala-se. Por estar a apreciar bastante a personagem não mudámos de lugar. É que quando me deparo com pessoas tão sui generis tenho a o estranho prazer de alimentar as suas paranóias, concordar com elas e arranjar outras. Sinto-me como se estivesse a interagir com um sketch qualquer, então vou no papel e crio a minha própria personagem.
Estava nesta introspecção, quando o Belenenses quase que marca golo. O senhor levanta-se e começa a dar pinotes, com as mãos em cima do banco da frente (qual cabra do monte):
-Carneirus injectaduuuuuuuuuuuuus. Uuuuuuuuuuh! Isto é culpa do Pinto da Costaaaaaaaaaaa. (O senhor vira-se para trás, com o sangue nos olhos, completamente tresloucado e começa um monólogo)-Injectados..... Contra o Porto uuuuh nada, depois em 63 perdemos no jogo do Oriental, agora isto. Carneiros injectadoooooooos...
Perante tal demonstração de "indignação" louca do senhor, as pessoas à volta também se começam a rir e a concordar com ele, numa atitude displicente para ver se ele se calava, mas nada acalmava a fúria do homem dos óculos com lentes binoculares...
Nunca mais vi o senhor da samarra e dos carneiros injectados, mas ganhei para sempre um arquétipo de louco para qualquer argumento que eu pense em escrever.
Num Benfica vs Belenenses, que fui ver com um amigo, fomos abordados por uma personagem simplesmente genial de tão louco que era. Estádio vazio, ocupamos dois lugares diferentes dos que vinham no nosso bilhete. Nem 10 minutos estivemos sentados quando se aproxima um senhor de boina castanha, samarra e óculos fundo de garrafa de Coca-Cola.
Olha para o bilhete, com o nariz bem perto das letras, olha para nós, olha para o bilhete:
-Boa noite. (sotaqueou ele em beirão)
-Boa noite. (dissemos nós)
-Exe lughár é meuh.
Levanto-me para mudar de lugar e a personagem senta-se mesmo ao lado de nós. A bancada onde estávamos encontrava-se vazia, logo aí olhei para o meu amigo e rimo-nos sozinhos, iamo-nos levantar quando o senhor agarra o meu amigo pela mão e começa a vociferar:
-Istu... Istu é culpa do Pinto da Costa! Em 1972 no Benfica-Salgueiros (babava-se ele) foi assim e depois fomos à Covilhã e depois foi o que foi. A culpa disto é dos carneiros injectados (cuspiu ele).
A culpa de quê?? Pensei eu, é que o jogo ainda nem tinha começado. Olhei para o meu amigo e ele tinha o casaco cheio de medalhas de saliva que sairam da boca do senhor. Entretanto ele continua:
-Boxês num sábem, mas istu é axim. O Benfica em Espinho e depois no jogo do Porto em Guimarães, tão a ver??
O jogo começa e o senhor cala-se. Por estar a apreciar bastante a personagem não mudámos de lugar. É que quando me deparo com pessoas tão sui generis tenho a o estranho prazer de alimentar as suas paranóias, concordar com elas e arranjar outras. Sinto-me como se estivesse a interagir com um sketch qualquer, então vou no papel e crio a minha própria personagem.
Estava nesta introspecção, quando o Belenenses quase que marca golo. O senhor levanta-se e começa a dar pinotes, com as mãos em cima do banco da frente (qual cabra do monte):
-Carneirus injectaduuuuuuuuuuuuus. Uuuuuuuuuuh! Isto é culpa do Pinto da Costaaaaaaaaaaa. (O senhor vira-se para trás, com o sangue nos olhos, completamente tresloucado e começa um monólogo)-Injectados..... Contra o Porto uuuuh nada, depois em 63 perdemos no jogo do Oriental, agora isto. Carneiros injectadoooooooos...
Perante tal demonstração de "indignação" louca do senhor, as pessoas à volta também se começam a rir e a concordar com ele, numa atitude displicente para ver se ele se calava, mas nada acalmava a fúria do homem dos óculos com lentes binoculares...
Nunca mais vi o senhor da samarra e dos carneiros injectados, mas ganhei para sempre um arquétipo de louco para qualquer argumento que eu pense em escrever.
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