sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fazer parte da multidão

Foto in www.bsimple.com/crowd62.JPG


Nos transportes públicos, nós vestimos uma capa de loucura. Transformamo-nos em pessoas soturnas (aqueles de nós que não o costumam ser), de cara fechada. Não olhamos directamente para ninguém, apenas contemplamos o chão.

Pisamo-nos uns aos outros e muitas vezes nem desculpa pedimos, ou a pessoa que é pisada nem as nossas desculpa ouve. Olhamos em frente e seguimos o nosso caminho com toda a pressa de quem não está onde anda, de quem atravessa os corredores das estações como quem não tem consciência dos passos que dá.

No rangue-rangue praticamos comportamentos homogéneos e desligados do mundo real, refugiamo-nos nos ipods e cumprimos rituais obsessivos compulsivos que, quando perturbados, nos criam um certo mau humor.

Mas de repente, algo muda, aparece uma pessoa conhecida e o nosso semblante muda e passamos a ser humanos, rimo-nos, somos espontâneos e deixamos o estado de dormência e acordamos.

Na loucura diária do dia-a-dia somos obrigados a sermos outras pessoas, a ser loucos que deambulam de comboio em metro e de metro em autocarro, para que de algum modo consigamos aguentar fazer parte de uma multidão.
Diz-me qual é a tua forma de lidares com este percurso, também és mais um louco a deambular?

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